Mãe, eu sei que você não gosta, diz que não tem tempo e que nem é muito fã da tecnologia, mas chegou a hora. Você precisa criar o aplicativo mais viral dos últimos tempos. Não é por luxo, por brincadeira e nem porque todo mundo tem, é porque precisamos encurtar a distância durante a semana.
Tá muito difícil guardar as informações até o dia seguinte, que é quando você me liga. Aquele professor que deu um bola fora, aquela moça que eu vi usando um sapato igual aquele que você queria, te contar como foi a aula ou comentar o que estou fazendo. Como vou lembrar das coisas mais banais do dia-dia (que eu adoro te contar), até a próxima conversa?
E aquele frango de panela que você me ensinou a fazer pelo telefone, mas que eu preciso urgentemente te enviar uma foto e perguntar se o caldo tem que ficar daquele jeito? Preciso de selfie’s, toda hora, suas e minhas, preciso ter a impressão de que estamos mais próximas do que imaginamos e que quase sinto sua presença aqui comigo.
Como faço pra dizer que te amo todo dia, se não posso te escrever pelo celular e é dureza de sair em voz alta na ligação? Mãe, para uma semana toda, só a sua voz não é suficiente. Por quatro anos, viver longe da minha melhor amiga, das suas histórias, do seu carinho, é difícil demais.
Mãe, no fim das contas, desista do Whatsapp.
Ele não vai suprir nem metade da falta que você me faz e não vai confortar nem um pouco o que conforta o abraço caloroso de toda sexta-feira quando chego.
Capitu e poesia 